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Luis Silva

7a. Aula - Doutrinação

1.Que é doutrinador?

O médium doutrinador é o companheiro que presta ao Espírito sofredor os primeiros socorros nos serviços da enfermagem espiritual. É, por excelência, o médium da palavra do Evangelho. Nas conversações que efetua a desencarnados e encarnados tem a função de despertar consciências com suas palavras iluminadas. "Talvez o médium doutrinador seja aquele que mais tenha necessidade de estudar e de aplicar a Doutrina na vida cotidiana".

Hermínio Miranda, em seu Diálogo com as Sombras, aponta cinco qualidades ou aptidões que considera básicas para o doutrinador:

1) Formação doutrinária sólida através de livros didáticos-doutrinários.

2) Familiaridade com o Evangelho de Jesus (preceitos morais);

3) Autoridade moral (ser exemplo daquilo que está falando);

4) Fé (ter fé sólida no trato com o mundo dos espíritos);

5) Amor (compaixão e piedade pelo sofrimento alheio).

E cita outras consideradas desejáveis, importantes também, mas não tão críticas:

Paciência – paciência para ouvir, ser questionado, ser apontado etc.;

Sensibilidade – buscar entender o que se esconde por detrás das palavras;

Tato – saber lidar com as adversidades e complexidades da mente;

Energia – ser firme em suas colocações sem acusar ou apontar erros;

Humildade – lembrar que está ali aprendendo com a dor alheia;

Destemor - não ter medo e ter firmeza na conversação;

Prudência – saber lidar sem se expor ou se colocar contra.


2. O candidato à doutrinação deve se inibir a ponto de desistir da tarefa por se julgar incapaz em decorrência das imperfeições que detém e da falta de conhecimento?

Recorremos mais uma vez a Hermínio Miranda, para quem "ser doutrinador não é ser santo". É claro que deve se esforçar, como qualquer espírita consciente do seu dever, para reunir pelo menos um mínimo de condições, sobretudo boa vontade e bom senso, o que impõe, naturalmente, um crescente senso de responsabilidade. Deve ter aptidões para o diálogo, mas também gostar de ouvir. Além disso, uma boa soma de conhecimento que pode adquirir com o estudo, como também habilidade para abordar criaturas-problemas, que vai aumentando ao longo da experiência. É claro que não pode ser uma pessoa leiga, mas não precisa também ser uma sumidade. Quanto às imperfeições, a tarefa surge certamente como meio para vencê-las pela renúncia e pela dedicação ao semelhante, pois, segundo ainda Hermínio Miranda, "não podemos esperar a perfeição para ajudar o irmão que sofre".

3. Como saber, então, se alguém está capacitado para ser doutrinador?

Se o candidato reúne as qualificações já mencionadas e se manifesta, de fato, interesse em assumir a tarefa, tem-se os primeiros indícios de que a Casa Espírita poderá contar, mais adiante, com mais um doutrinador. A verdade é que essa é uma das mais belas tarefas na reunião de desobsessão e que requer muita prudência, discernimento e diplomacia. Que requer, principalmente, como já foi dito, o ascendente moral do que fala sobre aquele que ouve, que está sendo atendido sempre em circunstâncias mais ou menos desfavoráveis, pelas dificuldades com que ele próprio resiste geralmente à assistência. E esse ascendente moral faz com que a abordagem do Espírito pelo doutrinador proporcione ao enfermo as primeiras sensações de serenidade, a ideia de confiança, de que está diante de alguém que lhe fala com autoridade e de quem emanam sinceridade, conhecimento e equilíbrio. Eis o perfil de alguém em condições de ser doutrinador.

4. Como começar o diálogo com o Espírito comunicante?

Começar dizendo-lhe que “seja bem-vindo”, que no ambiente onde ele se encontra ou aonde ele foi trazido só tem pessoas amigas, empenhadas em fazer o bem indistintamente e dispostas a ouvi-lo. Caso se disponha a falar, desse diálogo fraterno poderá surgir o entendimento capaz de nos conduzir à harmonia e de fazer brotar resultados do interesse de todos os que ali se encontram imbuídos do propósito sincero de ajudar, colaborar, enfim, contribuir para a paz e alegria de todos os filhos de Deus. Em seguida, aguardar em clima de real confiança e de vibrações positivas as reações do visitante, para então se situar em que linha de argumentação conduzirá a conversa daí em diante. Isso, é claro, quando tratar-se de entidades que se disponham ao diálogo, colocando as suas pretensões ou descrevendo suas condições de sofrimento e dor, conforme o caso.

5. Como deve ser a argumentação do doutrinador?

Deve utilizar uma argumentação lógica, clara, concisa, com base na Doutrina Espírita e, sobretudo, permeada de amor. Não deve criticar, nem censurar, nem julgar, nem usar de franqueza excessiva. A medida justa para isto é colocar-se o doutrinador na posição do comunicante, vivendo o seu drama e imaginando como seria o seu sofrimento.

6. Qual, então, a imagem que o doutrinador deve ter do obsessor?

Ele deve levar em consideração que os Espíritos são seres humanos, com a única diferença que não possuem mais o corpo de carne como nós encarnados. Mas atravessaram o portal do túmulo com os mesmos vícios ou virtudes que cultivaram quando encarnados. Por isso, ao tratar com um obsessor desencarnado, deve o esclarecedor utilizar toda uma psicologia de quem está tratando com pessoas problemáticas que alimentam sentimentos conflitantes, fortes cargas de emoções desajustadas, tipo essa mesma clientela que enche os consultórios médicos e busca alternativas nas religiões, que lota os centros espíritas, a procura de alívio e cura para os seus males. Tem ainda, em idênticas situações, a enorme massa dos que se isolam e se fecham a qualquer possibilidade de mudança. Não existe uma regra mágica ou uma norma rígida para se tratar com esses Espíritos, além da linguagem amorosa, mas o bom senso está a indicar que para cada caso deve haver um tipo apropriado de diálogo capaz de produzir os resultados desejados. O doutrinador deve ser um irmão bondoso e diligente que procura identificar os Espíritos enfermos nos ecos que partem do seu mais profundo íntimo.

7. Como agir o doutrinador quando surpreendido pela manifestação do seu próprio obsessor?

"Neste caso" — sugere Hermínio Miranda — "a tarefa assume implicações de natureza muito pessoal, para as quais o doutrinador tem que estar preparado". Consideramos sensata a sua orientação no sentido de que o doutrinador perseguido trate o seu obsessor com serenidade, equilíbrio e humildade. Deve procurar sensibilizá-lo de que, como encarnado, não tem a noção exata dos males que eventualmente tenha causado. Mesmo assim, espera que ele possa perdoá-lo, reconhecendo o esforço que agora empreende para se melhorar, a luta que trava contra suas imperfeições para não mais reincidir nos erros do passado. Embora limitado ainda por numerosos vícios, alimenta, porém, o sincero propósito de amar os que odiou e de trabalhar pelo progresso das vítimas da sua infeliz ignorância. Deve mostrar a importância do perdão e do arrependimento e, pelo exemplo, provar que é verdadeiro tudo o que diz ao seu comunicante. Tudo isso, com muita simplicidade e sem resvalar, sob qualquer hipótese, para a presunção ou exibição de virtudes que não possui. Por aí poderá conseguir sensibilizar o antigo desafeto, a favor do qual tem o dever de orar e fazer tudo para ajudá-lo a libertar-se da crisálida de ódio que ainda não conseguiu romper, considerando sempre a recomendação de Jesus no Evangelho de Mateus (5:44): "Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam".

8. Como os Espíritos encaram a doutrinação?

Alguns comunicantes pensam encontrar-se em um “julgamento” e se sentem ofendidos porque se consideram vítimas e não réus. Daí a importância de fazê-los compreender que não estão sendo julgados. Outros Espíritos a tomam por insulto, ou por sermão que não lhes interessa. Outros sequer registram a palavra do doutrinador por estarem com a mente obnubilada, incapaz de reagir positivamente a qualquer estímulo de despertamento. Estão como que hipnotizados pelas próprias criações mentais em processos viciados de fixação, indiferentes a tudo quanto esteja fora desse campo magnético de influência fluídica em que respiram indefinidamente. André Luiz costuma compará-los a verdadeiros sonâmbulos. Daí a importância de o doutrinador ter tato, conhecimento e fé para cooperar com a mudança da criação mental do comunicante para que ele possa se aperceber do que está acontecendo na doutrinação.

9. O doutrinador é visado pelos Espíritos inferiores?

Não somente ele, como os demais integrantes da equipe mediúnica. Os desencarnados que estão sendo atendidos não raro lhe acompanham os passos para verificar o seu comportamento e se há veracidade em tudo o que fala e aconselha. Se encontram nele o exemplo, sentem-se encorajados à modificação. Não raro também lhe cobram os ensinos não praticados e se dão por contentes quando conseguem vê-lo em contradição, fazendo exatamente o contrário de tudo aquilo que a sua condição de doutrinador ou de médium exige. Por isso que Jesus admoestou os apóstolos que encontrou dormindo ao voltar da oração no Getsêmani, dizendo-lhes: "Vigiai e orai para não cairdes em tentação" ( Mt. 26:41).

10. E onde fica a assistência dos bons Espíritos?

O doutrinador é sempre auxiliado pela ação dos bons Espíritos na doutrinação do obsessor e do obsedado. "Um instrutor de elevada condição hierárquica passa a inspirar diretamente o colaborador encarnado que está doutrinando. O doutrinador nunca está sozinho e quando tem boa intenção na realização do trabalho que realiza recebe as inspirações para as melhores colocações no diálogo assim como a lembrança de passagem dos evangelhos, desde que o doutrinador seja um assíduo leitor do evangelho.

11. Qual o tempo necessário para se preparar um doutrinador?

Cremos que, como o médium, o doutrinador ou médium esclarecedor não tem um tempo especificado para ser preparado para a sua delicada e nobre tarefa de orientar os Espíritos necessitados. O aprendizado, em Espiritismo, é permanente, e quanto mais conhecimentos e crescimento moral conquistar, o lidador, mais ele estará preparado para a tarefa que lhe compete no acervo de imenso trabalho da Casa Espírita. O que há é mais ou menos um espaço de tempo em que ele será preparado para abraçar sua tarefa, participando dos cursos regulares e outros mais específicos, além de estágios, para se tornar trabalhador dessa ou daquela área de atendimento espiritual. É claro que em tudo isso deve-se levar em consideração o desembaraço, a dedicação e conduta moral do trabalhador para a tarefa que ele deseja abraçar. Agora, preparado mesmo o doutrinador somente estará depois de muitas reencarnações que lhe possam garantir, de fato, a condição de verdadeiro espírita.


Comentários: estaremos, a partir de agora, estudando 11 questões por semana para fixação do conhecimento. Aqui acho importante que seja sempre eleito um médium de intuição para ser doutrinador. Este médium deve querer estar neste trabalho, com devotamento e amor, pois dependerá do seu padrão vibratório o resgate de muitos irmãos nos mais diversos mundos transitórios. É fundamental, como dito acima, o estudo e as leituras constantes de livros didáticos, evangelhos, para facilitar o diálogo pois muitos irmãos comunicantes possuem grandes conhecimentos e podem deixar os doutrinadores em situações embaraçosas. No dia da doutrinação são colocados na sala de doutrinação somente aqueles espíritos que terão a condição de serem atendidos; no caso de o grupo mediúnico não estar vibrando na mesma sintonia muitos resgates deixam de acontecer, principalmente, em locais profundos, de extremos sofrimentos e sentimentos baixos.

Quando se fala da mudança moral do médium, muitos espíritos, podem no momento da comunicação, se manifestarem contra o atendimento do doutrinador em questão e pedir para falar diretamente com o dirigente da sessão, assim como apontar os defeitos morais do doutrinador, se não se simpatizar com ele. Lembrando, aqui, que não temos como esconder nossas imperfeições morais pois elas se apresentam em nossa áurea que é lida por estes irmãos no momento da doutrinação.

Em nossa seara já presenciei:

a) Comunicante apontando uma doutrinadora por ser tabagista.

b) Comunicante provocou a quebra da cadeira com médium por rir de uma situação.

c) Comunicante provocou o vomito de médium que tinha comido muita carne.

d) Comunicante tentando “matar” o tio Mário para acabar com este tipo de trabalho.

e) Comunicante falando para o doutrinador do que ele iria morrer, como se soubesse.

E existem muitas outras histórias que ao longo do curso vocês ficarão cientes.

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