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Luis Silva

4ª Aula de Reforço do Estudo de Doutrinação

Em muitas literaturas espíritas a doutrinação de espíritos é vista como uma espécie de aconselhamento psicoterápico utilizado para trabalhar as más intenções dos espíritos obsessores e fazê-los desistir da vingança a que se aplicam, pois estão se comprometendo espiritualmente mais ainda, quando fazem isto mas não é somente isso, pois recebemos neste ambiente, outros espíritos em sofrimento por não terem a noção do seu desencarne, espíritos em sofrimento por desejam continuar ao lado de parentes e amigos para ajuda-los diante de sofrimentos, espíritos em sofrimento solicitando socorro para suas tormentas e espíritos trevosos contra os trabalhos de caridade, contra os seguidores do Cristo, etc. Assim podemos dizer que a doutrinação é um espaço de escuta aos irmãos necessitados da comunicação esclarecedora e auxiliadora para a libertação de seus sofrimentos. Ela foi criada e desenvolvida por Allan Kardec a fim de conduzir os espíritos necessitados ao caminho de luz.

Trata-se de uma atividade admirável, mas, ao mesmo tempo, extremamente desafiadora. Por essa razão, a dificuldade da tarefa é sempre abordada na doutrinação para iniciantes, a fim de que os futuros doutrinadores desenvolvam as competências necessárias para exercer a função. Na prática, a doutrinação de espíritos tem como objetivos esclarecer os espíritos ignorantes, estimular os espíritos fracos e confortar os espíritos sofredores. Assim, necessitam de ajuda e esclarecimento para que encontrem a luz e caminhem rumo ao progresso.

O médium doutrinador é quem realiza a doutrinação de espíritos. É ele quem se conecta e se comunica com os espíritos desencarnados a fim de proporcionar ajuda e esclarecimento. Para fazer o trabalho, o médium doutrinador deve possuir alguns atributos importantes. Afinal, a tarefa requer certas habilidades para que o acolhimento e o encaminhamento do espírito sejam feitos da melhor maneira. Veja a seguir as principais características do médium doutrinador:

  1. Paciência – o doutrinador deverá ter a verdadeira paciência para estar sentado em uma cadeira por cerca de duas horas ouvindo lamentações, choros, dores, acusações, rebeldias, revoltas, xingamentos e enfrentamentos analisando caso a caso para dar os esclarecimentos necessários com o uso dos recursos psicológicos e evangélicos esclarecedores, consoladores e esperançosos de libertação. A paciência deverá ser estendida, também, para a lida com os médiuns incorporadores, auxiliando na oferta de água, papel higiênico, limpeza de secreções, além dos comportamentos diversificados durante a passividade.

  2. Tolerância – o doutrinador durante a escuta não deverá esboçar qualquer reação agressiva ou defensiva, tendo empatia e indulgência para com o espírito comunicante.

  3. Benevolência – o doutrinador deverá demonstrar o exercício da bondade dentro e fora dos trabalhos, seja com os espíritos desencarnados como com os encarnados., seus colegas de trabalho.

  4. Simpatia – o doutrinador deve ser bem-quisto, apreciado, em sua simpatia, afabilidade e bondade dentro do grupo para que transmita segurança e bem-estar na corrente de trabalho.

  5. Otimismo - o doutrinador deve carregar dentro de si o otimismo mesmo diante de situações difíceis, constrangedoras e assustadoras, tendo a certeza de que a bondade divina não faltará ao grupo e ao socorro fraterno.

  6. Fraternidade – o doutrinador deve ter a consciência de manter uma relação fraterna com todos os colegas além da simpatia. Estar sempre disposto a ajudar em qualquer situação.

  7. Objetividade – o doutrinador exercer o papel da escuta e do esclarecimento e encaminhamento do espírito comunicante de forma objetiva, com poucas palavras, porém firmes e persuasivas.

  8. Escuta atenta – o doutrinador deve estar sempre atento a passividade do médium, seja em situações de animismo ou mediunismo, como no silencio. Todos representam algo a ser dito.

  9. Cabe acrescentar ainda que o médium doutrinador deve ter conhecimento da Doutrina Espírita e das técnicas e métodos eficazes para promover o esclarecimento doutrinário.

Emmanuel, guia espiritual de Chico Xavier, explica como se deve doutrinar os espíritos no livro O Consolador: “Assim, não basta doutrinar o Espírito, no sentido de transmitir-lhe informações ou ensinar-lhe algo, é importante evangelizar. (…) Para doutrinar, basta o conhecimento intelectual dos postulados do Espiritismo; para evangelizar é necessária a luz do amor no íntimo. Na primeira, bastarão a leitura e o conhecimento; na segunda, é preciso vibrar e sentir com o Cristo.” Dessa forma, podemos dizer que a doutrinação dos espíritos se baseia e se fortalece no amor. A fim de estabelecer condições favoráveis de um bom diálogo com os espíritos, o médium doutrinador pode fazer o uso das técnicas de doutrinação espírita. Entre elas:

  1. Demonstrar interesse no diálogo: É fundamental que o espírito sinta que o médium está de coração entregue à conversa, com a verdadeira intenção de compreensão e auxílio.

  2. Espaço para que o espírito se expresse: A doutrinação não pode se tornar um discurso em que só o médium fala. O espírito também deve ter liberdade de se comunicar.

  3. Manter uma conversa amigável: Nem sempre é fácil ter um diálogo afetuoso com o espírito obsessor ou trevoso, mas é papel do doutrinador tentar ao máximo manter a conversa amigável.

  4. Promover conforto e amparo: O esclarecimento doutrinário só será efetivado se o médium desempenhar a sua função com amor, promovendo conforto e amparo ao espírito.

  5. Ter “pulso firme”: Ainda que a doutrinação demande uma postura amigável e amável, o médium também deve demonstrar segurança e firmeza durante o diálogo.

  6. Ser claro, objetivo e esclarecedor: Para que o espírito entenda o mal que está causando e encontre o caminho da luz, é preciso ter clareza e objetividade, sempre com a certeza de esclarecer todas as dúvidas.

Para que a doutrinação de espíritos seja eficaz é importante que algumas circunstâncias sejam propiciadas e atendidas. Com relação ao espírito, é fundamental que ele encontre no médium doutrinador um instrumento de auxílio. Para isso, deve-se estabelecer um bom diálogo, pautado na solidariedade, fraternidade e compreensão. Além disso, para que a comunicação e os resultados sejam evidenciados, o contato precisa de boas vibrações, que podem ser emanadas através de preces e passes, por exemplo.

Quais são os principais desafios na doutrinação de espíritos? - Alguns espíritos vestem uma máscara ao entrar em contato com os doutrinadores. Isto é, assumem condutas propositais para ludibriar os médiuns que querem lhe ajudar. Reconhecer essa atitude e fazer com que os espíritos se livrem da dissimulação é um dos principais desafios na doutrinação de espíritos. Além disso, há dificuldades inerentes a cada tipo de espírito:

  1. Doutrinar espíritos sofredores: São espíritos que não souberam lidar com o desencarne e ainda sofrem os efeitos da carne. Na doutrinação de espíritos sofredores e obsessores, o médium doutrinador tem o desafio de mostrar que o sofrimento é reflexo do corpo físico.

  2. Espíritos maldosos: Os maldosos possuem pouco adiantamento moral e se deleitam com o mal que causam aos encarnados. No caso dos espíritos maldosos, o doutrinador tem a missão de promover alertas quanto às condutas perversas, evidenciando as recompensas pela prática do bem.

  3. Espíritos recalcitrantes: Os espíritos recalcitrantes, por sua vez, perpetuam no erro por não acharem que suas condutas são incorretas. Um dos maiores impasses ao lidar com os espíritos recalcitrantes consiste em aprender a lidar com suas vontades latentes.

Hábitos a se evitar para a doutrinação de espíritos: Assim como é importante conhecer as técnicas de doutrinação espírita favoráveis ao bom diálogo, também é válido ficar atento ao modo que não se deve agir, como:

  1. Fazer acusações sem necessidade: É preciso tomar cuidado para não repudiar o espírito sem que seja preciso.

  2. Exaltar-se durante o diálogo: Não se deve esquecer nunca que a doutrinação espírita se baseia no amor e na fraternidade.

  3. Impor seu ponto de vista: Aconselhar e orientar o espírito não significa instituir à força a sua perspectiva.

  4. Tratar os espíritos como agentes do mal: Nem todos os espíritos fazem o mal com a intenção, por isso, evite criar estereótipos.

  5. Discursos longos e fora de contexto: Evite sempre falas pouco objetivas e que não agregam ao esclarecimento doutrinário.

Resultados da doutrinação de espíritos: Nem sempre a doutrinação dos espíritos surte os resultados esperados. Isso porque há muitos fatores que interferem, como o ambiente em que se dá a reunião, a condição moral dos médiuns, as técnicas adotadas e, principalmente, o grau de aceitação do espírito obsessor. Por outro lado, quando tudo conspira a favor, o espírito se transforma. Ele procura dominar o mal que o impele, começa a olhar a vida com outros olhos e passa a ter paz e fé. Com o seu caminho iluminado, o espírito pode seguir os passos da maneira que deve ser, com trabalho e progresso. Com o esclarecimento do espírito em provas, o obsidiado também deve realizar em si mesmo a sua transformação moral para melhor. Assim, desfaz-se o elo com os espíritos inferiores que o atormentavam. Orar por aqueles que não nos querem bem é uma terapêutica também recomendada.

Conclusão: A atividade tem como premissa o amor e se fundamenta no esclarecimento dos princípios espíritas. Por fim, para concluir este artigo, vale mencionar a mensagem do espírito André Luiz no livro Desobsessão, psicografado por Chico Xavier, que reforça a quão gratificante e benéfica é a doutrinação dos espíritos: “Erraríamos frontalmente se julgássemos que a desobsessão apenas auxilia os desencarnados que ainda pervagam nas sombras da mente. Semelhantes atividades beneficiam a eles, a nós, bem assim os que nos partilham a experiência cotidiana, seja em casa ou fora do reduto doméstico e, ainda, os próprios lugares espaciais em que se desenvolve a nossa influência”.

Comentários do Tio: Este um trabalho maravilhoso pois não existe maior gratificação do que a alegria de saber que você pode proporcionar o socorro para alguém que se encontrava preso nas escuridões dos mundos transitórios. A satisfação de vê-los socorridos e feliz e gratos por terem se libertado para caminhar rumo a evolução moral e espiritual. Mas é um trabalho que exige conhecimento doutrinário, psicologia, emprego da intuição, dedicação, devotamento e muito amor. As vezes os médiuns não sabem quais as melhores palavras a serem usadas, mas sua energia de amor é tão grande que qualquer palavra de afeto se torna um instrumento de reflexão e mudança. Por isso quando os médiuns são convidados a este trabalho devem ter a consciência do que estarão fazendo e como estarão fazendo.

Gostaria de ler os comentários deste texto pelos trabalhadores: Elma, Sabino, Claudia Rodrigues, Claudia Nogueira, Jurema, Selma

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