O Médium Importante e a importância do Médium
Já observamos em trabalhos anteriores que para o desenvolvimento pleno das atividades mediúnicas é necessário cuidados com o organismo físico, a conduta moral, a fé e o estudo. Tais aspectos são necessários para o estabelecimento de uma conduta que garanta a realização desta atividade no reto caminho da evolução, protegendo o medianeiro de influências que possam desviá-lo de sua missão, voltados ao amor, a caridade e o desenvolvimento de uma nova consciência, com base na ética do Cristo. A Mediunidade é um dom concedido por Deus àqueles que assumem o compromisso de serviço junto à humanidade. Não é um privilégio, mas uma tarefa que deve ser desempenhada com humildade e resignação, e acima de tudo, isenta de glórias pessoais que possam estimular a vaidade.
Já na introdução de O Livro dos Médiuns Kardec alerta sobre as dificuldades e desenganos na prática do Espiritismo relacionadas à falta de conhecimento dos princípios desta ciência, não bastando tão somente a prática da mediunidade para considerar-se um perito nesta matéria, e conclui: “Dirigimo-nos aos que veem no Espiritismo um objetivo sério, que lhe compreendem toda a gravidade e não fazem das comunicações com o mundo invisível um passatempo”. Entre aqueles que se convenceram através de um estudo direto do Espiritismo, Kardec destaca três categorias:
a) Os espíritas experimentadores: que creem simplesmente nas manifestações. Para eles o Espiritismo é apenas uma ciência de observação;
b) Os espíritas imperfeitos: que veem no Espiritismo mais do que fatos. Compreendem-lhe a parte filosófica, admiram a moral daí decorrente, mas não a praticam. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só gozo que fosse. Consideram a caridade cristã apenas uma bela máxima;
c) - Os verdadeiros espíritas, ou os espíritas cristãos: são aqueles que não se contentam em admirar a moral espírita, mas a praticam e lhe aceitam todas as consequências. Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e coibir seus maus pendores. A convicção que nutrem os preserva de pensarem em praticar o mal. A caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem. “Os que desejem tudo conhecer de uma ciência devem necessariamente ler tudo o que se ache escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, o que haja de principal, não se limitando a um único autor. Devem mesmo ler o pró e o contra, as críticas como as apologias, inteirar-se dos diferentes sistemas, a fim de poderem julgar por comparação”.
Na questão 226 do Livro dos Médiuns é esclarecido que a manifestação da Mediunidade não está relacionada à condição moral do ser humano, mas guarda relação direta com o seu organismo físico e perispiritual. Mas “O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom, ou mal, conforme as qualidades do médium." Deus concede o dom indistintamente a todos que reúnam as condições de expressá-lo. Cabe, porém, ao médium, através do livre arbítrio, a forma de utilizá-la, sofrendo as consequências conforme e lei de Causa e Efeito. "Se fizerem mau uso, serão punidos duplamente, porque têm um meio a mais de se esclarecerem e o não aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais censurável do que o cego que cai no fosso."
Quanto a importância do médium no contexto geral, os Espíritos esclarecem que não se deve crer "que a faculdade mediúnica seja dada somente para correção de uma, ou duas pessoas. O objetivo é mais amplo: trata-se da Humanidade. Um médium é um instrumento pouquíssimo importante, como indivíduo. Por isso é que, quando damos instruções que devem aproveitar à generalidade dos homens, nos servimos dos que oferecem as facilidades necessárias. Tenha-se, porém, como certo que tempo virá em que os bons médiuns serão muito comuns, de sorte que os bons Espíritos não precisarão servir-se de instrumentos maus." Na prática mediúnica o aspecto moral do médium determina o grau de relacionamento que ele terá junto à espiritualidade, través da sintonia vibratória, pois neste caso, o semelhante atrai o semelhante. “Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm se agrupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados. As qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a ambição, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria.”
De todas as imperfeições morais a que os Espíritos inferiores “exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por amargas decepções”. “Devemos também convir em que, muitas vezes, o orgulho é despertado no médium pelos que o cercam. Se ele tem faculdades um pouco transcendentes, é procurado e gabado e entra a julgar-se indispensável. Logo toma ares de importância e desdém, quando presta a alguém o seu concurso. Mais de uma vez tivemos motivo de deplorar elogios que dispensamos a alguns médiuns, com o intuito de os animar.”
Um dos aspectos que devem ser considerados é o domínio que espíritos levianos promovem nos médiuns vaidosos que acabam sendo presas da fascinação. “O médium fascinado não acredita que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, (...) ao ponto de o fazer achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero de obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e fracas de senso. Dela não se acham isentos nem os homens mais instruídos e os mais inteligentes sob outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja influência eles sofrem.”
Gostaria de ler alguns comentários sobre o texto acima da Graça, Daya (Maria), Cristiane Soares e Tom.
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