Antigamente, pela falta de conhecimento espiritual, muitas pessoas com envolvimentos espirituais, obsediadas, eram consideradas doentes mentais com possessão demoníaca e usavam-se de todas as técnicas na intenção de retirar o demônio dos seus corpos. Nas religiões, recorria-se ao método de expulsão por meio de preces, objetos sagrados (crucifixos, relíquias, rosários, terços, água-benta, medalhas, ameaças, xingamentos, queima de incensos, torturas etc.) Tudo era demoníaco; até a bíblia relata a expulsão de um demônio por Jesus Cristo em Lucas 4:31-37.
Mas as pesquisas espíritas levaram Kardec a esclarecer a existência da vida pós morte e que a morte não tem o poder de transformar ninguém. Cada Espírito, ao desencarnar, leva consigo suas virtudes e defeitos, continuando na vida espiritual a ser o que era quando ligado ao corpo, com seus vícios e condicionamentos materiais, dos quais se liberta pouco a pouco. Além disso, confundido pelas lições recebidas das religiões tradicionais, o Espírito não encontra no Além aquilo que esperava: nem céu, nem inferno, muito menos o repouso até o juízo final. Ao contrário, ele aí encontra a dura realidade espiritual, fundamentada na existência da lei de causa e efeito, onde cada qual se mostra como é, sem disfarces, falsas aparências ou o verniz social. Sua condição espiritual determina sua aura psíquica e seu peso específico, frutos ambos da elevação maior ou menor de seus pensamentos, sentimentos e atos. Quanto mais elevados estes forem, mais rarefeito será seu perispírito, de modo que cada habitante do mundo espiritual se coloca em seu merecido e devido lugar, sem privilégios de qualquer espécie. Os que se encontram em posição de perturbação por falta de esclarecimento adequado, ou por renitência no mal, necessitam ser orientados, para que, em se modificando mentalmente, melhorem sua condição espiritual.
Como muitas vezes estão ainda cheios de condicionamentos materiais, tais Espíritos repelem a ação mais direta dos orientadores desencarnados, razão pela qual requerem um contato com os encarnados, naturalmente mais afeitos aos fluidos densos da matéria. Estes conhecimentos levaram Kardec a instituir e praticar intensivamente a doutrinação como forma persuasiva de esclarecimento dos espíritos ignorantes, sofredores, obsessor e pessoas obsedadas através das Sessões de Desobsessão. Ambos necessitam de esclarecimento evangélico para superar os conflitos do passado, afastando assim a ideia terrorista do Diabo . “Obsessor e obsedado são tratados com amor e compreensão como criaturas humanas e não como algoz satânico e vítima inocente.
Espíritos apegados à matéria e à vida terrena, necessitam sentir-se seguros no meio mediúnico, envolvidos em fluidos e emanações ectoplásmicas da sessão mediúnica, para poderem conversar de maneira proveitosa com os espíritos esclarecedores (doutrinadores). Isso é o que Herculano Pires fala sobre a Doutrinação, que se dá, imprescindivelmente, com a participação dos espíritos protetores. “Orgulhoso e inútil, e até mesmo prejudicial, será o doutrinador que se julgar capaz de doutrinar por si mesmo” — fala, agora, Herculano Pires sobre o doutrinador, acrescentando: “Sua eficiência depende sempre de sua humildade, que lhe permite compreender a necessidade de ser auxiliado pelos espíritos bons. O doutrinador que não compreende esse princípio precisa de doutrinação e esclarecimento, para alijar de seu espírito a vaidade e a pretensão. Só pode realmente doutrinar espíritos quem tiver amor e humildade”. E destaca nas suas conclusões sobre o papel do doutrinador: “É o próprio doutrinador que se doutrina a si mesmo doutrinando os outros”
A DOUTRINAÇÃO DE ESPÍRITOS é uma das mais belas tarefas dentro da casa espírita, mas, também, uma das mais difíceis de executar. Necessita de uma excelente base doutrinária, de ser vigilante e íntimo da oração, de ser um bom argumentador, de ter conhecimentos gerais de história, de saber usar a disciplina e a caridade sem que esta amoleça àquela e a primeira não atropele a última. Um curso sobre doutrinação é algo difícil de ser ministrado e requer antes de tudo que o expositor seja um doutrinador, pois nesse tema a prática é essencial para que a teoria seja eficazmente aplicada. A doutrinação não ocorre no campo do intelecto, mas do sentimento. Todo discurso vazio de emoção positiva, de sentimento sincero não surte o efeito desejado no enfermo ou no obsessor que se comunica. Além desses fatores mencionados o doutrinador deve ter força moral acima de seus circunstantes encarnados e desencarnados, ou seja, daqueles destinados a lhe ouvir a argumentação que poderá mudar suas vidas. O comunicante tem meios de descobrir se o que é dito é sentido, se a palavra tem uma veste, o sentimento. Não é que ele deva ser um super-homem dotado de evolução moral acima de qualquer suspeita. Mas não poderá fingir grandeza ou virtude caso não as possua, pois será invariavelmente combatido e vencido.
O evangelho de Jesus é a sua grande arma, a matéria-prima essencial, a essência de sua argumentação. Sua intuição deve ser apurada sob pena de não “ouvir” o que seus mentores lhe aconselham, não perceber as intuições nem as informações sobre o comunicante. Caso não tenha afinidade e intimidade com seu mentor, suas ordens mentais de regredir, adormecer, voltar no tempo, esvaziar a mente, reduzir o perispírito, dentre outras, não serão cumpridas. Durante o sono físico deverá sair conscientemente do corpo com seu planejamento estabelecido e invariável: encontrar-se com seus instrutores a fim de planejarem as tarefas próximas. Deverá dominar determinados temas doutrinários extremamente necessários à boa condução da reunião, dentre eles, perispírito, obsessão, desobsessão, doutrinação, fluidos, passes, regressão de memória, chacras, enfim, ter domínio completo da codificação kardequiana.
Se ele tiver essa base sólida jamais ficará encurralado sob a pressão de um cientista das trevas ou de um intelectual materialista. Com o domínio da codificação ele sempre terá o que dizer, como combater, como argumentar, como se impor. O doutrinador necessita de muito estudo, da mesma maneira que um médico precisa de atualização constante para bem exercer a medicina. Deverá trabalhar no grupo a afetividade, sem a qual não formará um padrão vibratório necessário adequado a uma UTI mediúnica. Deve ser o tipo de pessoa disposta a ajudar seus semelhantes e sem nenhuma vontade de agredir, seja ser vivo ou inanimado. Caso algum conceito surja mais de uma vez em módulos diferentes, isso decorre da necessidade de enquadrá-lo especificamente naquele módulo, mas que ele, também, se relaciona intimamente a outros temas.
Considerações:
A espiritualidade necessita das emanações fluídicas de encarnados para a realização do trabalho de doutrinação junto aos espíritos desencarnados.
A grande maioria da humanidade pela baixa condição moral estagia pelos mundos transitórios e necessitam da ajuda doutrinária para o entendimento e libertação do passado delituoso.
Quantos mais espíritos desorientados houver nos mundos transitórios maiores serão as influências e assédios espirituais sobre a humanidade encarnada.
Neste período de pandemia houve um grande retorno de espíritos despreparados ao mundo espiritual e por isso do pedido da espiritualidade para que ampliássemos as sessões de doutrinação.
A grande problemática da doutrinação é a falta de estudo e preparo dos médiuns que se acomodam nos estudos básicos e não buscam a renovação constante de conhecimentos.
Outro grande problema na doutrinação é falta de conscientização deste trabalho o que resulta em indisciplina por parte dos médiuns.
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